Bate o luar pelas encostas, Banha vales e grotões. Que noite clara e comprida! Entro no atalho da vida Com um grande saco nas costas, Cheio de recordações. A luz do luar, de mansinho. As sombras da noite espanta: Quem canta encurta caminho, Mata saudades quem canta. Pesa-me êste desalento Que a alma me aperta e espezinha "Caminha!" - murmura o vento, Dizem as nuvens: "Caminha!..." Vem do silêncio das matas Rumor de fonte e cachoeira. Cantam minhas alparcatas Cantando a canção da poeira. Tudo canta! A flor do mato, Uma ave noturna, um grilo Canta o veio do regato, Canta o luar no céu tranquilo. Canta o bacurau na serra, Canta o sapo na lagoa. Sobe do hálito da terra O canto da vida boa. Tanto amor! Tanta promessa Nesta vida em que definho!... E eu vou cantando baixinho... Quem canta chega depressa, Quem canta encurta caminho. Em Toda Uma Vida de Poesia vol.2 Ed.José Olympio 1957, págs.535-536 Nota: o blog manteve a ortografia original Imagem: Pixabay
Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo. Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome. Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faz com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar. Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te